Procuradoria Militar reforça denúncia e aponta oficial do Exército por mais uma morte em Roraima

O Ministério Público Militar (MPM) ampliou a denúncia contra um tenente do Exército acusado de envolvimento na morte de garimpeiros na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. O militar, que já respondia por um homicídio qualificado, ocultação de cadáveres e inutilização de provas, agora é acusado de um segundo homicídio qualificado e de ameaçar três testemunhas.

A nova acusação surgiu após exumação dos corpos das vítimas e realização de exames periciais, que confirmaram que o disparo que matou um adolescente de 15 anos partiu do fuzil do oficial. As investigações revelaram ainda que o militar matou uma segunda vítima com facadas no pescoço para ocultar o primeiro crime.

Os crimes ocorreram durante uma operação do Exército com o objetivo de impedir a passagem de garimpeiros no rio Uraricoera. Segundo o MPM, o militar comandava o posto de bloqueio e coordenou a ação que resultou na morte dos garimpeiros e na tentativa de ocultar os corpos, amarrando-os ao motor da embarcação antes de afundá-los no rio.

A terceira vítima, que sobreviveu, denunciou o caso às autoridades. Um indígena que atuava como guia dos militares também relatou o ocorrido à Polícia Federal e ao Exército.

A prisão preventiva do tenente foi determinada pelo Superior Tribunal Militar (STM) após recurso do MPM, que apresentou novos depoimentos e laudos periciais. O STM acatou o pedido por unanimidade, destacando a gravidade dos fatos e o risco de coerção a testemunhas por parte do acusado.

Além das novas acusações, o MPM pediu a aplicação da Lei de Crimes Hediondos, que passou a abranger crimes militares em 2023, e solicitou que o oficial seja condenado a pagar, no mínimo, R$ 50 mil de indenização para cada família das vítimas.

As investigações continuam para apurar a participação de outros militares no caso.