Há três anos em acampamento improvisado, indígenas buscam DPE-RR para regularizar documentos e ter acesso a serviços básicos

A falta de documentos tem agravado a situação de cerca de 60 indígenas Yanomami que vivem há 3 anos em um acampamento improvisado em Boa Vista. A Defensoria Pública de Roraima (DPE-RR), por meio do Grupo Especial de Promoção dos Direitos Humanos (GPDH), iniciou as tratativas para regularizar a documentação, um das primeiras providências para que eles possam ter acesso a serviços básicos.

Mulheres e crianças estão acampados às margens de um igarapé. Pertencentes ao subgrupo Sanöma, eles deixaram o território Yanomami em busca de assistência de saúde e alimentação, motivado por uma crise de insegurança alimentar e pela escassez de recursos naturais na região.

A DPE-RR foi acionada pelo Fórum Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente de Roraima (FDCA). A defensora pública Jeane Xaud explica que a principal demanda é a regularização documental.

A visita foi acompanhada pela equipe da Defensoria Itinerante e teve apoio do intérprete da associação Ypassali Sanuma, Ademir Santos Silva.

“Viemos aqui hoje para verificar in loco as condições que eles enfrentam. São aproximadamente 60 pessoas em situação de vulnerabilidade extrema […] Eles já expressaram várias demandas, entre as quais a documentação, que será nossa prioridade inicial”, explica a defensora.

A crise alimentar no território Yanomami e a dificuldade de acesso a cuidados médicos estão entre os principais fatores que motivaram a mudança para a cidade.

A conselheira Atener Ambrósio, do Fórum Estadual, destaca que o Sanöma vem sofrendo com a desnutrição e a escassez de recursos naturais. A presença de garimpos ilegais e a degradação ambiental agravaram a situação, dificultando o acesso a frutas, caça e peixes.

“Eles vieram buscar o que falta lá no território: alimento e saúde. Aqui, conseguem se alimentar todos os dias, com carne, arroz, frango. Lá, crianças adoecem e morrem por falta de comida e assistência”, afirma a conselheira.

Além da documentação, outras necessidades foram identificadas. O acampamento está localizado em área considerada de preservação ambiental, e a prefeitura já notificou os acampados sobre a necessidade de desocupar o local. 

“Além de ajudar na documentação, vamos encaminhar outras demandas identificadas hoje. A defensoria, através do Grupo de Direitos Humanos, que coordeno, está comprometida em dar apoio a essas pessoas para que consigam a documentação necessária e possam, assim, obter outros direitos básicos”, afirma Jeane Xaud.