Tricotilomania: entenda distúrbio de arrancar pelos do corpo em situações de estresse
O impulso constante de arrancar os fios de cabelo e pelos nas demais regiões do corpo em momentos estressantes é conhecido como tricotilomania. Segundo a dermatologista Ana Paula Vitti, a condição está relacionada à ansiedade e a questões emocionais, como depressão, baixa autoestima e traumas do passado.
A médica informou que, além de causar dor, a tricotilomania pode resultar em infecções e lesões dermatológicas na região em que os pelos e cabelos são arrancados, como é o caso da alopecia. A partir do momento em que o folículo é puxado, ela afirmou que jamais é recuperado de forma natural.
O diagnóstico da síndrome deve ser feito por um dermatologista. Porém, para realizar o tratamento do paciente, a especialista enfatiza a importância do acompanhamento psicológico para deter a doença de forma eficaz.
“O tratamento envolve medicamentos em alguns casos e muita conversa para ir direto à causa do problema. Sempre encaminhamos para um psicólogo, ele cuidará do aspecto emocional do paciente”, explicou.
Conforme a psicóloga Júlia Arnaud, a tricotilomania também pode ser desenvolvida por fatores genéticos, caso haja histórico familiar da síndrome, e pela necessidade de controle sobre as situações da vida. A profissional comenta sobre casos em que a doença surge como mecanismo de coping e é associada ao alívio emocional.
“Esse mecanismo é um esforço cognitivo comportamental para lidar com situações de dano. É um jeito inadequado para lidar com momentos difíceis, traumas ou eventos estressantes na vida da pessoa. No caso da associação, o cérebro pode aprender a conectar a ação de arrancar cabelos com a redução do desconforto emocional”, disse.
A terapeuta afirmou que a ansiedade pode contribuir de forma significativa para a gravidade da tricotilomania e define a relação das duas como “complexa”. De acordo com ela, o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) pode ativar gatilhos para o comportamento de arrancar os cabelos ou reforçá-lo, o que dificulta o tratamento.
Júlia relembrou o caso de tricotilomania de uma paciente. Diagnosticada com ansiedade, ela havia saído de um relacionamento abusivo e mudado de cidade. A psicóloga explicou que a paciente desenvolveu a síndrome como mecanismo de coping.
“O processo de elaboração dos traumas que envolveram o relacionamento e a dificuldade de estar em uma nova cidade, recomeçando a vida, gerou muita ansiedade e ela acabou associando o comportamento de arrancar os fios a um alívio, mesmo que soubesse que isso não era saudável. Acaba sendo um comportamento automático, quando a paciente se deu conta já estava fazendo”, comentou.
Fonte: FolhaBV