Starlink: Boa Vista é a cidade com maior número de clientes cadastrados na empresa de Elon Musk, segundo Anatel
A empresa de acesso à internet de Elon Musk é a 16ª maior do mercado brasileiro, e atende atualmente 224,5 mil clientes em território nacional. A cidade brasileira com mais clientes da Starlink é a capital de Roraima. Em Boa Vista, há quase três mil assinantes do serviço.
No Amazonas, Tefé, no meio da floresta, é a quarta cidade do Brasil com mais clientes. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) registrava 2.186 conexões do serviço em julho, o que corresponde a 3,7% da população.
Outras cidades amazônicas aparecem no ranking das 30 localidades com mais assinantes de Musk. No Pará, estão Breves, Itaituba, Altamira, Portel, Novo Progresso, Gurupá, Afuá e Santarém. No Amazonas, além de Tefé, estão Tabatinga, Manicoré, São Gabriel da Cachoeira e Coari.
Diferencial
Ao contrário dos principais nomes desse mercado que usam fibra ótica e cabos, a Starlink oferece conexão via satélite. Essa tecnologia tem como grande diferencial a possibilidade de levar internet para localidades remotas, onde conexões tradicionais são mais difíceis. Isso explica o fato de quase um terço dos assinantes de Musk estarem no Norte do Brasil.
Dados da Anatel mostram que a Starlink tem uma participação modesta no mercado brasileiro de acesso à internet. O número de assinantes da companhia representa apenas 0,5% de todos os 49,7 milhões de conexões com a internet registradas em julho de 2024.
Para efeito de comparação, a líder do mercado de internet no Brasil é a Claro, que soma 10,1 milhões de conexões com a rede. Em seguida, aparecem Vivo (7 milhões) e Oi (4,6 milhões).
Essa base de clientes, porém, tem crescido rapidamente. O primeiro registro de conexão da companhia aconteceu há pouco mais de dois anos, em fevereiro de 2022. Desde então, os números têm ganhado força. Nos últimos 12 meses, o número de conexões saltou 147%.
Musk pode até ter um tamanho modesto diante das maiores operadoras do Brasil, mas é líder quando é observado apenas o segmento de internet via satélite. Nesse recorte, a Starlink tem 47,1% do mercado. A segunda colocada, Hughes, tem 176,9 mil conexões. Juntas, as duas têm 84% desse mercado no Brasil.
As duas empresas têm como principal vantagem a possibilidade de levar a internet para qualquer lugar. Isso explica a distribuição diferente dos clientes da Starlink em comparação às operadoras tradicionais.
Garimpo ilegal e laranjas
No começo de agosto, uma megaoperação na Terra Indígena Yanomami (TIY) apreendeu três antenas Starlink, operadas pela empresa americana SpaceX, do bilionário Elon Musk. A ação mirou estruturas de garimpeiros que atuam ilegalmente na região.
Em julho, em entrevista à Agência Pública, o procurador da República em Manaus (AM) André Luiz Porreca Ferreira Cunha disse que “cerca de 90%” das antenas Starlink apreendidas até aquele momento em garimpos ilegais na Amazônia estavam registradas em nome de laranjas. A empresa já reconheceu que, no ato da venda, exige apenas informações básicas, como dados pessoais, endereço e contato telefônico, mas argumenta que inexiste lei que a obrigue a agir de forma diferente.
“Sem dúvida, está comprovado [o uso de laranjas]. Quando se apreende a antena e vai se ver o comprador, são pessoas que não residem na Amazônia. Residem no Sul, no Sudeste, no Centro-Oeste. O que causa uma estranheza gigante. São pessoas que não residem no local em que a antena é apreendida”, disse o procurador da República, que, em maio, abriu um inquérito civil para investigar o avanço do uso das antenas Starlink pelo crime em áreas de garimpo e mineração ilegais.
Com informações da CNN e Agência Pública