Polícia Civil mira fraude milionária em consórcios e cumpre mandados de busca em bairros de Boa Vista

Três mandados de busca e apreensão foram cumpridos, nesta quinta-feira (22), em residências nos bairros Tancredo Neves e Cidade Satélite, na zona oeste de Boa Vista, e numa empresa no Centro da capital. A investigação é voltada à apuração de fraudes em contratos de consórcios firmados em Roraima, que já tem mais de cem vítimas e apontam prejuízo superior a R$ 1,5 milhão aos consumidores.

A Operação Contratos Quebrados foi coordenada pela delegada Kássia Poersch e contou com a participação dos delegados Eduardo Patrício e Maryssa Batista, além do apoio do Ministério Público (MPRR) e de órgãos de proteção ao consumidor.

Segundo Kássia, a operação é resultado de mais de cem procedimentos instaurados na Delegacia de Defesa do Consumidor (DDCON), em que foram identificadas práticas criminosas por parte de empresas que atuam na intermediação e representação de consórcios nacionais. Os investigados induziam consumidores ao erro, utilizando contratos fraudulentos para vender imóveis e veículos inexistentes, causando grandes prejuízos financeiros.

“As vítimas eram atraídas por anúncios enganosos, com imagens falsas de imóveis e veículos. Eram convencidas a gravar vídeos afirmando que os contratos eram legais, quando na verdade estavam sendo enganadas”, explicou Kássia Poersch, acrescentando que a maioria das vítimas não chegava a ser informada sobre as cláusulas dos contratos e, ao tentarem cancelar o contrato, não conseguiam recuperar o dinheiro investido.

Durante a operação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na sede de uma das empresas envolvidas e nas residências dos principais alvos – um líder de equipe de vendas, de 24 anos, e um gerente, de 28, responsáveis por fazer contatos diretos com as vítimas. Foram também determinadas medidas de constrição patrimonial, incluindo o sequestro de bens móveis, imóveis e qualquer valor em nome dos investigados.

Ainda conforme a delegada, as investigações identificaram conexões com empresas sediadas fora de Roraima e há registros de ocorrências semelhantes em inúmeros outros estados brasileiros.

Vítima

Há no mínimo cem vítimas das fraudes. A maioria das identificadas pela DDCON são pessoas em situação de vulnerabilidade econômica e social.

“São movidas pelo sonho da casa própria ou do primeiro veículo. Esses consumidores eram atraídos por anúncios com promessas de facilidade na contemplação de consórcios, muitas vezes com valores abaixo do mercado e condições aparentemente vantajosas. Na maioria das vezes, sem acesso a informações jurídicas ou técnicas, acabavam induzidas a assinar contratos com cláusulas abusivas e, muitas vezes, com assinaturas e elementos viciados. Em alguns casos, as vítimas eram orientadas a gravar vídeos afirmando, sob indução, que estavam cientes e de acordo com os contratos, o que dificulta a contestação futura”, informou Kássia Poersch.

Para a delegada, a investigação vislumbra que o caso se trata de um verdadeiro esquema criminoso que atuava de forma articulada, lesando centenas de consumidores em vários estados.

“Nossa missão é garantir justiça às vítimas e buscar o ressarcimento dos prejuízos”, destacou.

As investigações seguem em andamento, com a apuração de crimes como falsidade documental e ideológica, indução do consumidor a erro, infrações à legislação consumerista e possível lavagem de dinheiro.

“O Ministério Público corroborou todas as medidas solicitadas pela delegacia, que foram deferidas com celeridade pelo Poder Judiciário”, informou a delegada.

Durante a operação, foram apreendidos documentos, telefones celulares, CPUs e dois veículos, sendo um carro Corolla e uma motocicleta Lander de 250 cilindradas, além de inúmeros documentos, contratos e agendamentos com dados de consumidores.

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