Escalada da greve dos auditores da Receita impede entrada de produtos importados em Roraima

A greve dos auditores fiscais da Receita Federal continua e agora os funcionários suspenderam o desembaraço aduaneiro como forma de pressionar o governo federal a negociar, o que afeta diretamente o fluxo de mercadorias em Roraima. Pelo menos 50 caminhões, com produtos da Venezuela e Guiana, deixam de passar pelos de postos de Pacaraima e Bonfim, no norte do Estado.

A paralisação faz parte do movimento nacional da categoria, que reivindica melhores condições salariais e de trabalho.

Dezessete auditores fiscais atuam nas fronteiras de Roraima em regime de plantão, sendo três em Pacaraima e dois em Bonfim, em esquema de revezamento.

Conforme explica o Comando Nacional de Mobilização (CNM), a liberação de mercadorias pelas alfândegas está paralisada desde quarta-feira (12), sendo que a medida faz parte da ação “Desembaraço Zero”.

Essa mobilização deve ter duração de 15 dias, ampliando ainda mais a quantidade de mercadorias paralisadas no processo de importação.

Nesta semana, cerca de 300 auditores participaram de uma manifestação em frente ao Ministério da Fazenda, mas a reunião feita com representantes do governo não rendeu um acordo.

Por esse motivo, o Sindifisco Nacional (Auditores-fiscais da Receita Federal do Brasil) optou por intensificar a greve, com o Dia Nacional da Entrega de Cargos em Comissão e de Devolução de Trabalhos e Fiscalizações, além do desembaraço zero.

Por enquanto, não há previsão para o fim da greve, uma vez que o governo diz que não há o que negociar.

Greve represa mais de 75 mil importações

Iniciada em novembro, a greve dos auditores da Receita Federal já causa um grande transtorno no segmento de importações e comércio exterior do Brasil.

Conforme um levantamento compartilhado por empresas do setor, cerca de 75 mil remessas de importação e exportação estão paradas em terminais alfandegários devido à operação padrão.

O Sindifisco Nacional diz que as remessas mais impactadas são aquelas de pequeno valor, uma vez que a liberação de pacotes, que antes levava 1 dia, agora só acontece após 21 dias. Ou seja, encomendas compradas na China estão sendo muito prejudicadas.

Por outro lado, as remessas de maior valor, como cargas vivas, medicamentos e peças, acabam tendo uma liberação em até sete dias, uma vez que elas são consideradas prioritárias.

O presidente da Frente Parlamentar Livre Mercado, deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL), cita dados do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de São Paulo, que revelou que a operação padrão já resultou em um prejuízo de R$ 3,3 bilhões ao setor privado.

Esses atrasos não afetam apenas as empresas de logística, mas destroem a competitividade do Brasil no mercado global. Produtos essenciais, como kits laboratoriais e peças industriais, estão presos nos depósitos, prejudicando as cadeias produtivas e colocando pequenas e médias empresas (PMEs) em risco.

No momento, a greve dos auditores não tem prazo para acabar, uma vez que o governo tem enfrentado dificuldades na negociação.

O sindicato ainda não recebeu qualquer sinal positivo ou disposição do Ministério da Gestão e Inovação (MGI) para iniciar as negociações referente aos pleitos dos auditores fiscais da Receita Federal e dar fim à greve.

Por outro lado, o governo diz que já negociou com os auditores em 2024.

O MGI permaneceu dialogando com o Sindireceita e o Sindifisco Nacional, que foram recebidos pela pasta em mais de quatro ocasiões, entre agosto e novembro de 2024, mas, tendo em vista que já houve acordo em 2024, não há previsão de novas negociações com a categoria.

Com informações do tudocelular.com/JB