Indígenas denunciam a ministro avanço do crime organizado em Roraima e omissão do governador Antonio Denarium

Líderes indígenas de Roraima se reuniram, nesta segunda-feira (25), com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, no Palácio do Planalto, para denunciar o avanço do crime organizado no Estado.

Segundo eles, a venda ilegal de armas para garimpeiros e o tráfico de drogas dentro das aldeias avança sem controle, adolescentes indígenas estão se viciando em cocaína e o governador Antonio Denarium (PP) — cassado pelo TRE de Roraima pela quarta vez, em 19 de novembro — não toma providências.

Num ofício entregue a Padilha, Davi Kopenawa, um dos porta-vozes do povo Yanomami, denuncia a situação no Estado.

“Nos últimos anos, a destruição da nossa terra se intensificou de forma alarmante. A exploração ilegal de garimpo avança sobre nossos rios e florestas… Mais um genocídio contra o povo Yanomami.  O garimpo em nosso território, além de ser ilegal, está diretamente ligado ao crime organizado e ao comércio de ouro para o mercado internacional, partindo de Roraima. Contudo, a questão possui um profundo viés político-eleitoral, o que me motiva suplicar pela audiência, devido às graves suspeitas de envolvimento de autoridades políticas detentoras de mandato com o garimpo ilegal, tráfico de drogas e outras atividades ilícitas, inclusive com apuração pela Polícia Federal e prisão de parentes desses mandatários.”

Kopenawa se refere à investigação e uma operação da Polícia Federal que em outubro deste ano fez busca e apreensão em endereços do comandante-geral da Polícia Militar de Roraima, coronel Miramilton Goiano, e o filho dele Reniê Pugsley de Souza, que é policial penal, por visitas a um garimpeiro preso envolvido com venda de armas e munições na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), o maior presídio do Estado.

As lideranças indígenas pretendem também levar suas reivindicações ao conhecimento da presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia.

Eles alegam que a Corte Superior precisa saber dos “crimes” cometidos pelo governador contra os povos indígenas e querem que ela coloque novamente em pauta a análise do processo que pede a cassação do mandato do governador e de seu vice.

A ação, que apura uso da máquina pública na eleição de 2022 pelo governador, começou a ser analisada em agosto, mas foi retirada de pauta.