Apagão atinge Roraima pela segunda vez dois dias após blecaute de quase duas horas; empresa diz que causas estão sendo ‘analisadas’
Um apagão por volta das 23h desta terça-feira (3) deixou Boa Vista e municípios do interior de Roraima às escuras pela segunda vez em três dias. No domingo (1º), um blecaute de quase duas horas ocorreu devido a um “desligamento automático total do sistema isolado de Roraima”, segundo justificativa do ONS.
A falta de energia levou ao desabastecimento de água em vários bairros de Boa Vista e à lentidão da internet móvel.
Sobre as causas do apagão desta terça-feira, que durou quase uma hora em alguns bairros da capital e no interior, a Roraima Energia, empresa responsável pelo fornecimento no Estado, informou que “ocorreu um blecaute em todo o sistema devido ao desligamento das usinas termelétricas que abastece a rede”.
Ainda conforme o comunicado, a recomposição do sistema foi iniciada às 23h14 e concluída à 1h42 desta quarta-feira (4), e as causas do desligamento estão sendo analisadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Isolamento
Roraima é o único, entre as 27 unidades da federação, que está isolado do Sistema Interligado Nacional (SIN). Os moradores de Boa Vista e cidades próximas dependem de usinas termelétricas movidas a óleo diesel, gás natural, biomassa e uma pequena central hidrelétrica.
Até 2019, o Estado recebia energia da hidrelétrica de Guri, na Venezuela, através de uma linha direta (linhão). Em função de uma piora nas relações entre os governos brasileiro e venezuelano, a importação havia parado em 2019.
Embora, desde dezembro de 2023, comercializadoras tenham conseguido autorização para retomar as importações, a atual situação da hidrelétrica de Guri não permite avanços para abastecer Roraima, e as conturbadas eleições presidenciais na Venezuela não devem ajudar a destravar o envio de energia ao Brasil.
Integração complexa
Roraima tem um mercado de energia que gira próximo a 300 MW médios; boa parte desse valor já é comprometida com contratos de usinas termelétricas, como de gás e diesel. Além do mais, o potencial de importação por meio de Guri, nas condições atuais, chega apenas a aproximadamente 30 MW médios.
Em 2023, a CCC (Conta de Consumo de Combustíveis), que soma os subsídios para compra de combustíveis a fim de abastecer os sistemas isolados – aqueles desconectados do SIN – custaram R$ 11,6 bilhões ao Brasil, segundo o Ministério de Minas e Energia.
Há anos, a integração de Roraima ao sistema é discutida. No ano passado, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, assinou uma ordem de serviço para conectar o Estado ao SIN.
Especialistas avaliam que a integração é complexa, já que envolve as construções de linhas dentro da Amazônia, e projetos já são discutidos há anos.