Personal trainer é alvo de operação policial por crimes sexuais e comercialização ilegal de anabolizantes em Boa Vista

A Polícia Civil cumpriu, nesta quinta-feira (27), dois mandados de busca e apreensão na residência de um personal trainer de 36 anos localizada no bairro Caranã e em uma academia, no Asa Branca. O homem é acusado de crimes sexuais contra mulheres e comercialização ilegal de anabolizantes.

Os mandados foram cumpridos por agentes da Delegacia Especial de Repressão a Crimes Cibernéticos (Dercc) no âmbito da Operação Ciclo Final.

O personal trainer foi preso em flagrante por falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.

De acordo com a titular da Dercc, Kássia Poersch, as investigações relevaram que o modus operandi do acusado consistia em frequentar diversas academias de Boa Vista, onde atuava como personal trainer. Durante essas visitas, ele captava mulheres, com quem estabelecia contatos, oferecendo treinos personalizados, utilizando sua profissão como pretexto para solicitar fotos e vídeos íntimos, além de comercializar e aplicar anabolizantes.

Ainda segundo a delegada, o homem praticava o crime desde 2017 mesmo não tendo formação em educação física na época, o que somente passou a ter no final de 2024. Ela diz que em torno de 40 mulheres (adultas e adolescentes), em denúncias, relataram condutas inapropriadas por parte do personal trainer.

“As vítimas estão sendo ouvidas para que possamos individualizar todas as condutas e suas respectivas tipificações penais. As investigações apontam que inúmeras mulheres tiveram contato com o investigado e, de alguma forma, foram vítimas de crimes cometidos por ele”, disse a delegada.

Condutas corriqueiras

Kássia Poersch destacou ainda que algumas vítimas relataram em depoimento que há inúmeras outras mulheres que foram aliciadas pelo acusado, que são ligadas a elas, como amigas e familiares, e que tiveram medo de denunciá-lo.

“As pessoas não acreditavam que o autor seria responsabilizado ou que tais práticas perpetradas reiteradamente gerariam um desdobramento penal. Segundo as vítimas e testemunhas, as condutas eram corriqueiras e inúmeras mulheres ficaram receosas em denunciá-lo. Nosso pedido é para que todas as pessoas, ao tomarem conhecimento dessa operação, que tenham sido vítimas de condutas nesses moldes, de aliciamento, de oferecimento de anabolizantes, até mesmo de aplicação, ou então, tiveram vídeos, fotos íntimas, solicitadas por pretextos corporais de estética, que venham nos procurar”, orientou a delegada.

Durante a operação, segundo Kássia Poersh, foram encontrados materiais de procedência ignorada, como anabolizantes, seringas, materiais descartáveis utilizados em aplicações nas vítimas, além de entorpecentes e diversas substâncias contaminadas com sangue que serão submetidas à perícia.

Dois homens encontrados na academia também foram conduzidos à delegacia. Com um deles, foi apreendida uma pequena porção de droga, mas os delegados Kássia Poersch e Júlio César, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), entenderam ser para consumo próprio.

Contra o segundo conduzido, será instaurado um inquérito para investigar a procedência de substância, de uso veterinário, apreendido em seu poder na academia, que seria utilizado também para uso próprio segundo seu depoimento.

Ciclo Final

O nome da operação faz referência ao termo amplamente utilizado no meio fitness, “ciclo anabólico”, que representa o período em que um usuário consome anabolizantes para potencializar o ganho de massa muscular.

A operação foi coordenada por Kássia Poersch, com o apoio do Departamento de Narcóticos (Denarc), da DRE e Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).