Roraima aparece entre estados com piores indicadores de leitos de UTI neonatal por nascidos vivos
Roraima está entre os estados que têm os piores indicadores de leitos de UTI neonatal/nascidos vivos, com uma proporção inferior a dois leitos por mil nascidos vivos, ou seja, metade da médica nacional. Acre, Amazonas e Maranhão completam a lista.
No cálculo, foram considerados os serviços públicos e privados. Avaliando-se apenas a performance do setor público (ou seja, os leitos de Unidade de Terapia Intensiva [UTI] neonatal disponíveis para o Sistema Único de Saúde]), o quadro é ainda pior: nenhum estado alcança o parâmetro recomendado pelos especialistas e somente 11 unidades da federação superam ou igualam a média nacional.
O levantamento foi feito pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), que aponta que, em 17 estados, a quantidade de leitos de UTI neonatal é inferior ao recomendado (4 leitos por 1.000 nascidos vivos), mesmo somando os leitos do SUS e da rede suplementar. Nestas unidades da federação, seria necessário um aumento de cerca de 1, 5 mil leitos adicionais para atingir a meta de cobertura mínima recomendada.
O alerta faz parte das ações alusivas ao mês da prematuridade, o Novembro Roxo, que visa aumentar a conscientização sobre os desafios enfrentados pelos bebês prematuros e suas famílias. O tema também foi destaque do Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI) 2024, que ocorreu entre 14 e 16 de novembro, em São Paulo.
Durante o evento, especialistas discutiram a importância de uma infraestrutura adequada e de cuidados intensivos especializados para neonatos, ressaltando a necessidade de políticas públicas para garantir a sobrevivência e o bem-estar das crianças que nascem antes de 37 semanas de gestação e apresentam estado de saúde grave, especialmente no Norte e Nordeste do país.
“Ainda enfrentamos grandes desafios quando se trata de oferecer cuidados adequados aos bebês prematuros. A falta de leitos de UTI neonatal em algumas localidades, a desigualdade na distribuição de recursos e a sobrecarga do SUS são questões que afetam diretamente a saúde dessas crianças vulneráveis. Precisamos garantir que todos os bebês prematuros, independentemente de sua localização, recebam os cuidados necessários para uma chance de vida plena”, destacou a presidente da Amib, Patrícia Mello.
Desigualdade
Apesar de a média nacional estar ligeiramente acima do preconizado, com 4,06 leitos por 1.000 nascidos vivos, considerando tanto a rede pública quanto a privada, se avaliados apenas os leitos disponíveis no SUS, a média cai para 2,03 leitos.
“Em nenhum estado brasileiro, as condições das UTI atendem os parâmetros ideais, no que se refere aos leitos do SUS. Além de revelar uma dependência do setor privado, o levantamento mostrou a desigualdade na distribuição geográfica dos leitos”, destacou a intensivista.
O Sudeste exibe a melhor cobertura combinada – SUS e não SUS –, com 5,55 leitos por 1.000 nascidos vivos, destacando-se como a região com menor déficit e a melhor capacidade de atendimento, inclusive com excedente em estados como Rio de Janeiro (9,05) e São Paulo (5,03). Já o Norte está bem abaixo da meta, com apenas 2,42 leitos. O déficit total estimado em cindo estados da região é de aproximadamente 453 leitos para atingir a meta.
Na análise realizada, é possível verificar também a desigualdade na distribuição geográfica dos leitos. Só o Sudeste concentra mais da metade do total de UTIs neonatal de todo o país: 44% das que estão no SUS e 60% do privado. Já o Norte tem a menor proporção: apenas 7% de todos os leitos (8% públicos e 6% privados).
“Embora a quantidade de leitos tenha aumentado nos últimos anos, ainda é insuficiente para cobrir a crescente demanda”, afirma o presidente do Conselho Consultivo da Amib, Ederlon Rezende, ao defender a adoção de medidas urgentes que resolvam essa situação e outras que permitirão que o nascimento seguro se torne realidade de Norte a Sul.