Taxa de analfabetismo entre indígenas é o dobro da média nacional, segundo IBGE
Mais de 255 mil indígenas brasileiros são analfabetos, de acordo com os dados do Censo 2022 divulgados nesta sexta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). O número representa 15,05% da população total de pessoas indígenas no país.
A pesquisa mostrou que, em 2022, 1.694.836 pessoas se identificavam como indígenas no Brasil.
A taxa de analfabetismo entre pessoas indígenas é duas vezes maior que a da população total brasileira, de 7% em 2022, conforme o IBGE.
Ainda segundo o instituto, essa taxa equivale ao percentual de pessoas com 15 anos de idade ou mais que não sabem ler ou escrever pelo menos um bilhete simples, no idioma que conhecem.
Quando analisada exclusivamente a população residente em terras indígenas, a taxa de analfabetismo sobe para 20,8% na análise realizada em 2022.
Apesar do alto índice, houve crescimento na taxa da população alfabetizada desde a pesquisa anterior, de 2010.
A taxa de analfabetismo da população indígena brasileira passou de 23,4% para 15,05% no intervalo de 12 anos. Quando analisados apenas os moradores de terras indígenas, o montante passou de 32,3% para os recentes 20,8%.
O censo mostra que a proporção de pessoas indígenas consideradas analfabetas é maior entre os mais velhos e as mulheres. Em 2022, 42,88% dos indígenas com 65 ou mais foram considerados analfabetos. Entre os que possuem 60 e 64 anos, a taxa ficou em 29,21%. A menor taxa (5,5%) é encontrada na faixa dos 18 a 19 anos.
Em 2022, 14,32% dos homens indígenas residentes no Brasil não sabiam ler ou escrever sequer um bilhete simples. Este índice chega a 15,74% no caso das mulheres.
Saneamento básico
Dados do Censo 2022 também mostram que 28,82% dos indígenas residentes no país não possuem saneamento básico onde moram. A taxa é bastante superior em relação à população total do Brasil, de 2,97% no mesmo período analisado.
Segundo o instituto, “as inadequações das infraestruturas de saneamento básico, além de atingirem de forma mais intensa a população indígena, são ainda mais proeminentes nas terras indígenas”, onde 56,98% vivem sem condições adequadas.
O IBGE aponta ainda que 69,72% dos residentes indígenas do Brasil convivem com a precariedade ou ausência de pelo menos um item de saneamento básico, seja abastecimento de água, destinação adequada do esgoto ou coleta de lixo.
O percentual também é superior em comparação com a população total do país, com 27,26%.
Em 2022, 36,79% dos domicílios onde há ao menos um indígena não contava com abastecimento de água, seja por rede geral de distribuição, poço, fonte, nascente ou mina encanada.
Nas residências situadas em terras indígenas, o percentual chega a 69,24%, bastante acima do observado na população geral brasileira, de 6,03%.
Nestes casos, a água utilizada é fornecida, por exemplo, por meio de carro-pipa, água da chuva armazenada, rios, açudes, córregos, lagos e igarapés.
A ausência de banheiros ou sanitários para destinação do esgoto foi notada em 60,17% dos domicílios que abrigam ao menos um indígena no país. O número salta para 85,42% em terras indígenas, enquanto está em 23,82% no que se refere à população total do Brasil.
Nestes casos, a destinação do esgoto é feita por meio de fossa rudimentar, buraco, vala, rio, córrego, mar etc.
A coleta de lixo alcança apenas 55,27% das moradias brasileiras com indígenas.
Tipos de domicílio
Apenas 3,1% dos domicílios brasileiros onde mora ao menos uma pessoa indígena são habitações típicas sem paredes ou malocas. Quando analisados exclusivamente os moradores de terras indígenas, essa proporção salta para 8,15%. Atualmente, já há mais apartamentos com indígenas do que moradias tradicionais dos povos originários.
Em 2022, 630.428 domicílios brasileiros abrigavam ao menos uma pessoa indígena, o que representa 0,87% do total do país.
Veja os tipos de domicílios do país onde há pelo menos um indígena, segundo o IBGE:
91,93% – casa
3,51% – apartamento
3,10% – habitação indígena sem paredes ou maloca
1,11% – casa de vila ou condomínio
0,26% – habitação em casa de cômodos ou cortiço
0,08% – estrutura residencial permanente degradada ou inacabada
Segundo o IBGE, as habitações indígenas podem ter diversos tamanhos, podendo inclusive ser simples, com ausência de paredes. Há modelos mais complexos, com diversos cômodos e várias construções.
Elas podem ser construídas com de taquaras e troncos, cobertas de palmas secas ou palha e outros materiais.
A denominação pode mudar de acordo com a região, podendo ser chamadas de malocas, palhoça, choupana, cabana, casebre, entre outros.
Com informações da CNN