‘Definitivamente, estamos em um novo ciclo’, diz ministra da Saúde sobre avanços no território Yanomami

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, garantiu que a assistência no território Yanomami vive uma nova etapa, com mais atendimentos e cuidados com os indígenas. A declaração foi dada nesta terça-feira (13), em Boa Vista, onde cumpriu agenda de trabalho.

“Conseguimos, num esforço muito grande, a desintrusão do garimpo, a melhoria de indicadores de saúde e o fortalecimento dos cuidados com a população indígena. Definitivamente, estamos em um novo ciclo. Sabemos como essa crise afeta a realidade do povo Yanomami. Estamos empenhados para solucionar as questões”, frisou.

Nísia Trindade também destacou os avanços da assistência no território. Entre as ações mais expressivas, ela citou a reabertura de sete polos-base. Ao todo, 5,2 mil indígenas voltaram a ter acesso aos serviços de saúde.

“Estamos com todos os 37 polos de saúde abertos. Havia um número muito expressivo de indígenas sem assistência, o que mudamos no nosso governo. Além disso, estamos com um trabalho de fortalecimento da gestão da saúde indígena”, salientou, acrescentando que serão incorporados 400 profissionais na área. “Com outros ministérios, vamos trabalhar a reestruturação social do povo. É um momento de muito desafios, mas temos avanços. É essencial o diálogo com a sociedade e as lideranças indígenas”, concluiu.  

Fortalecimento da gestão

O secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, chamou a atenção para o fortalecimento da gestão da saúde indígena em Roraima, o que foi gravemente afetado entre 2019 e 2022.

“Temos atuado para reestruturar a gestão dos polos-base, do Distrito Sanitário Especial Indígena [Dsei] Yanomami e da Casa de Apoio à Saúde Indígena [Casai] Yanomami, em Boa Vista. A experiência no território tem trazido grandes ensinamentos para o aperfeiçoamento da política nacional de saúde indígena”, completou.

Weibe Tapeba sinalizou que os investimentos na infraestrutura da saúde na região continuarão sendo reforçados. O mais recente anúncio é a contratação de 15 médicos especialistas. “Até o fim do ano, teremos 80 médicos. Hoje, são 37. Quando assumimos o governo, eram apenas quatro”, afirmou.

Boletim 

A visita da ministra a Boa Vista ocorreu dias depois de o Ministério da Saúde divulgar um novo informe do Comitê de Operações Emergenciais (COE) Yanomami. No primeiro trimestre deste ano, foram notificados 74 óbitos no território. Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve uma queda de 33%. Nos três primeiros meses de 2023, foram registradas 111 mortes. O documento ressalta que os principais agravos tiveram queda, como óbitos por malária, desnutrição e infecções respiratórias agudas graves. 

O povo Yanomami tem a maior terra indígena do Brasil, com 10 milhões de hectares, mais de 380 comunidades e 30 mil indígenas. Desde janeiro de 2023, o Ministério da Saúde investe para mitigar a grave crise causada na região pelo garimpo ilegal. A pasta aumentou o efetivo de profissionais, dobrou o investimento em ações de saúde e trabalhou para garantir a assistência e combater doenças, como a malária e a desnutrição, no território.

Teleinterconsulta

A ministra acompanhou a primeira teleinterconsulta no território Yanomami ao participar de uma conversa entre dois médicos e o paciente.

A consolidação da telessaúde na região permitirá que os indígenas tenham acesso a especialistas como oftalmologista, nutricionista, dermatologista, cardiologista, entre outras especialidades.

No atendimento, a ministra estava na Superintendência Estadual do Ministério da Saúde na capital roraimense. Um médico estava com o paciente no polo-base em Surucucu e, uma segunda médica especialista, na Casai, em Boa Vista. O indígena apresenta uma enfermidade no joelho.

A ministra ressaltou a importância da telessaúde para o aumento da assistência especializada na região.

“São 24 unidades que vão permitir a gente avançar, principalmente, na atenção especializada. A saúde indígena, especialmente, tem o seu foco na atenção primária à saúde, mas nós discutimos muito a questão de que não é possível mais assim, pois precisamos ter um cuidado integral com o indígena”, salientou Nísia.

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